Enquanto muitos especialistas apontam datas festivas como o Carnaval e o Revéillon para tentar explicar a “explosão” dos casos de Covid-19 no Brasil, o crescente número de jovens internados com a doença mostra um problema maior: o perigo das festas clandestinas, realizadas quase que semanalmente em todas as partes do Brasil. Segundo reportagem do UOL, Maria de Lourdes, de 56 anos, foi diagnosticada recentemente com a Covid-19. A falta de ar, único sintoma dela, no entanto, não é o que preocupa, e sim a internação do filho de 31 anos em UTI no Hospital Municipal de Brasilândia, na Zona Norte de São Paulo. Ele está intubado após contrair a doença, possívelmente, em um ‘pancadão’.
Maria relata que o filho começou a se sentir mal no início da semana passada, mas, apesar dos avisos, resistiu a procurar ajuda e acabou internado na última sexta (5). Na segunda (8), apresentou piora do quadro e foi intubado.
A mulher começou a sentir falta de ar no final de semana e decidiu ir à AMA (Assistência Médica Ambulatorial) Jardim Peri. Ela acredita que tenha sido infectada por ele.
“Ele saía. Eu não tenho orgulho de dizer, mas ele saía para essas festas, bailes, que têm na comunidade. Não pode, né? Mas você já viu segurar homem com o próprio dinheiro?”, conta a vendedora, à reportagem do UOL.
“Com vergonha”, pediu que o nome do filho não fosse publicado.
Segundo ela, o filho é frentista em um posto de gasolina e trabalhou durante toda a pandemia. Antes de ser internado, ele dizia ter pegado a doença no trabalho, mas ela diz ter “certeza” de que foi em uma das festas.
“A gente avisa. Eu falava dos casos na televisão, mas não tinha jeito. Ele ia para essas festas no final de semana. E tem de tudo, né? Bebida, mulheres, muita gente. Os moradores da comunidade odeiam. A gente já tinha medo antes, com esse vírus ficou pior. Era uma festa, mas virou suicídio”
Agora, Maria de Lourdes diz que aguardará notícias do filho em casa, por meio do telefonema diário de atualização prometido pela equipe médica. Na UTI de covid não se pode receber visitas. Além disso, ela também tem de cumprir quarentena. “Só espero que ele fique bem, meu Deus. Ele é a minha vida. Não está certo uma mãe enterrar um filho, é contra tudo. Ele vai ficar bem —e em casa.”