No último dia 12 de novembro, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu o relatório final simplificado sobre as causas determinantes que levaram à queda de um avião de pequeno porte em uma área de manguezal localizada no bairro Coroa do Meio, em Aracaju.
O acidente ocorreu no dia 6 de maio deste ano e vitimou fatalmente o piloto Adriano Leon, de 32 anos, que era natural de Belo Horizonte, mas morava há pouco tempo em Unaí, Minas Gerais. Ele era instrutor de voo e trabalhava como piloto particular.
De acordo com o relatório do Cenipa, no dia do acidente, cerca de quatro minutos após o piloto iniciar o taxeamento da aeronave, ainda no Aeroporto de Aracaju, foi solicitado à Torre de Comando o retorno ao estacionamento, em virtude de uma pane no painel. Um minuto após receber a autorização, o piloto relatou a solução do problema e reiniciou o procedimento de decolagem.
Foi aí que, três minutos após a decolagem, o piloto informou que retornaria ao aeroporto, pois havia “perdido” o condensador, que tem como principal função reduzir a força para controlar a aeronave e auxiliar o equilíbrio. Aproximadamente 900 metros da cabeceira da pista 30, e cerca de 1 minuto e 20 segundos após informar o retorno ao aeroporto, o avião iniciou uma curva e se chocou contra o manguezal.
Ainda segundo o Cenipa, durante os testes, constatou-se que a haste do servo atuador se encontrava completamente distendida, conforme havia sido encontrada no local do acidente. Essa situação correspondia à posição do compensador totalmente defletido para cima. Em decorrência disso, o profundor teria sido defletido totalmente para baixo, levando a aeronave a adotar atitude de mergulho (picado).
Devido à impossibilidade de resgatar parte considerável dos destroços, bem como ao fato de o servo atuador ter sido encontrado com a haste completamente estendida, inferiu-se que o acidente esteve associado a um acionamento inadvertido deste servo, em decorrência de possível falha no sistema elétrico do compensador do profundor.
O representante da empresa responsável pela montagem da aeronave acidentada relatou que aquele construtor amador não dispunha de qualquer tipo de manual que pudesse subsidiar a investigação com a operação, manutenção ou montagem de RV-10, tipo da aeronave em questão.
Durante as pesquisas realizadas pelo Cenipa, identificou-se a existência do Boletim de Serviço nº 001/17 (SB001/17-Flyer) emitido pela Flyer Indústria Aeronáutica, em 26 de janeiro de 2017 e que tratava de possível acionamento involuntário do trim elétrico (sistema do atuador do compensador do profundor e aileron) e alertando para a necessidade de procedimentos a fim de se evitar um acidente.
Apesar da recomendação e embora o referido boletim direcionasse os procedimentos a serem realizados nas aeronaves montadas pela Flyer até o ano de 2012, constatou-se que a aeronave envolvida neste acidente foi montada por outro construtor amador no ano de 2014.
Por se tratar de aeronave não certificada, as aeronaves do modelo RV-10 estariam sujeitas a diferentes configurações de montagens e não estariam submetidas ao cumprimento de programa de manutenção estabelecido por força de legislação.Com isso, encerram as investigações em torno do trágico acidente.