Neste sábado, 4, o jovem advogado criminalista Francisco Magno, natural de Lagarto e radicado em Tobias Barreto, concedeu uma entrevista ao comunicador Júnior Papito, durante o programa Xexo no Rádio, exibido pela Lagartto FM. Na oportunidade, o jurista, que desenvolve um importante trabalho de prevenção às drogas nas escolas e em outras entidades, afirmou que o narcotráfico já ganhou a guerra contra o Estado.
Segundo o advogado, baseado numa leitura que faz das suas andanças pelas escolas sergipanas, a vitória do narcotráfico decorre da sua grande capacidade de aliciar os jovens. “Nós vivemos a cultura do imediatismo e a cultura da ostentação, e como é que você vai ter um carro bom e uma casa boa se você ainda está começando a sua vida? Então muitas pessoas se deixam levar por influencias, são encaminhadas para esse meio e a gente tem a função de trazê-las de volta”, observou.
E completou: “Porém teve uma pesquisa do IBGE e do Observatório Sergipano que mostra que 12% dos jovens já convivem com pessoas que são usuários de drogas ilícitas. Mas quando falamos de drogas lícitas, acho que é um número maior. Então a nossa função e a função do poder público é levar políticas públicas para os jovens para que esse aliciamento do tráfico seja cada dia menor”.
Francisco também destacou que a sociedade erra ao marginalizar os dependentes químicos. “Nós temos é que trazê-los para perto, oferecer saúde de qualidade para tratamento, e acolhimento para desenvolver o sentimento de pertencimento. Nós não devemos marginalizar essas pessoas ou diminuí-las, porque o tráfico de drogas não é nada mais nada menos do que um crime de saúde pública e também de segurança pública. Então tem psicólogo, psiquiatra, e o grupo de alcoólicos anônimos que eu super indico. Não pense que você é menor por frequentar esse grupo”, comentou.
Ele também afirmou que os pais podem ajudar a diminuir as chances dos seus filhos embarcarem na drogadição. “A droga é altamente democrática e todos podemos conhece-la. Mas não pode haver a terceirização da criação dos filhos para a escola. Quem tem que criar o filho é o pai e a mãe, porque o professor também tem seu filho e ele vai à escola para trabalhar. Além disso, a infraestrutura familiar é imprescindível, porque é com quem mais os filhos e netos convivem e que para eles são o espelho, então quando você tem pais que podem dar carinho, amor, atenção e que possa abraçar, vai reduzir as chances do filho usar a droga. Além disso, muitos pais dão o telefone e passam a responsabilidade do filho para o celular e isso não pode acontecer”, salientou.
Por fim, ele ressaltou que o Estado pode melhorar o combate as drogas de diversas formas. “A lei não diferencia o usuário do traficante, ela olha a circunstância, mas quando chega ao ponto de ser levado ao sistema carcerário já deu errado. A gente tem que consertar na ponta, na criança, vamos investir na cultura, no teatro, na poesia, na educação em tempo integral, tem diversas maneiras para evitar que os jovens conheçam as drogas. Mas não há nenhuma ação ou programa pra diminuir isso”, lamentou.
Francisco Magno concedeu a entrevista com a experiência de um criminalista que, após receber diversos casos envolvendo as drogas em seu escritório, resolveu pegar uma caixa de som e percorrer as escolas, rádios, igrejas e diversas entidades para conversar com a juventude, a fim de conscientizá-los sobre o perverso mundo das drogas. Agora, ele se prepara para ampliar seu projeto com a construção de quadras de vôlei. Tudo para evitar que os jovens sejam iludidos e acabem conhecendo o crime.