Pesquisa divulgada pela Universidade de Oxford mostrou que uma variante do HIV, identificada como VB, encontrada em pacientes nos Países Baixos, é mais transmissível e prejudicial à saúde. Uma pessoa morre por minuto no mundo por HIV, de acordo com o Unaids (programa das Nações Unidas criado em 1996, cuja função é criar soluções e ajudar as nações a combater a AIDS).
Segundo Ricardo Vasconcelos, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, isso ocorre porque “o HIV sofreu mutação em seu material genético original e essas mutações, que são mais de 300, modificaram de alguma forma as proteínas que o vírus usa para replicar. A mudança permitiu que ele se tornasse mais ágil, permitindo, infectando uma pessoa, atingindo cargas virais mais altas e fazendo mais cópias do HIV no corpo. Isso faz com que a doença progrida mais rápido do que o normal. Quanto maior a carga viral, maior a transmissibilidade dessa pessoa.” Ainda não há informações se essa variante chegou ao Brasil, mas já foi possível verificar que, apesar de sua agressividade, responde bem aos tratamentos existentes atualmente.
Dificuldades na vinculação do tratamento
O infectologista corre o risco de dizer que “discriminação, preconceito, homo e transfobia, desigualdade social e machismo causam muito mais obstáculos para controlarmos a pandemia do HIV do que uma variante genética, pois todos os métodos de prevenção, diagnóstico e tratamento do HIV que já existem, disponíveis, trabalham para essa variante, só temos que ser capazes de colocar em prática”. De acordo com o Unaids, estima-se que 79 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus, que ainda não tem vacina ou cura. Desde o início da pandemia, cerca de 36 milhões de pessoas morreram de doenças relacionadas à AIDS e um milhão e meio foram recém-infectados pelo HIV até 2020.