Revolta é o sentimento externado por familiares de William Mateus Santos Lourenço, uma criança de apenas 10 meses que morreu na última segunda-feira, 11, com obituário apontando como causa insuficiência respiratória aguda. Segundo relatos de familiares, a criança apresentava sintomas de pneumonia desde o dia 17 de junho e chegou a ser consultada diversas vezes no Hospital Gabriel Soares, que atende pacientes do Plano de Saúde Hapvida em Aracaju, mas não foi internada em nenhuma das ocasiões.
“Eles queriam que a gente aceitasse o laudo da morte do Gabriel Soares, mas a gente sabe do que se trata. Por isso, pedimos a perícia do Instituto Médico Legal. Dizem que meu neto faleceu de insuficiência respiratória aguda, mas quando levamos meu neto para lá, o exame de raio x detectou que ele estava com pneumonia, mas foi mandado para tratar em casa, pois não era grave. Mas eu nunca ouvi falar de uma pneumonia que não fosse grave, eles o mandaram para casa e assumiram essa responsabilidade”, disse Marcos Antônio Lourenço, avô da criança.
O medicamento Azitromicina, conhecido por integrar o chamado “kit covid”, compilado de remédios sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19, também foi receitado para William.
“Esse médico nem olhou para o nosso netinho, só fez agilizar a receita, ele simplesmente passou a receita e disse ‘tratamento de cinco dias, vai ficar bom’, e eu perguntei se depois de cinco dias poderia voltar para fazer novos exames e verificar a condição dele, mas ele disse que não precisava e que era um catarrinho insignificante”, lamentou o avô.
A família da criança chegou a prestar um boletim de ocorrência para que o corpo pudesse ser levado para a investigação no Instituto Médico Legal.
“A gente precisa da celeridade nas investigações do inquérito policial. Sai em trinta dias o laudo do IML e a gente só quer Justiça, queremos que alguém seja responsabilizado pela omissão. Foi negligência pura do Gabriel Soares, pois o plano do meu neto ainda estava na carência, ficaram em um empurra empurra para só internar se fosse realmente necessário. Precisamos conhecer os padrões do protocolo dessa instituição, essas práticas de seguir o protocolo do hospital ignorando as doenças precisam ser investigadas”, completou Marcos Antônio.
O caso se assemelha à situação vivida pelos pais do Benjamim Amaral em dezembro de 2020, quando a criança, à época com apenas três meses de vida, ficou 33 dias na UTI da Covid do Hospital Gabriel Soares, enfrentou dificuldades para internação devido ao período de carência e foi submetida, segundo os relatos, ao protocolo para estimular o tratamento precoce e a desospitalização.
“Para liberar leitos tiraram meu filho da UTI e jogaram em uma enfermaria e nessas 24 horas que ele saiu, meu filho piorou e voltou a ser entubado e retornou para a UTI. Isso aconteceu por mais duas vezes. Eu percebi que eles tentaram a todo tempo tirar ele da UTI por conta do custo e isso fez com que meu filho sofresse ainda mais”, disse Rafael Vieira, pai de Benjamin à época.
O Hospital Gabriel Soares foi procurado para comentar o caso do pequeno William Mateus, mas não respondeu aos questionamentos.