O professor Diogo Viola de Nadai, de 37 anos, preso na última terça-feira suspeito de ser mandante da morte de sua companheira, a engenheira Letycia Peixoto Fonseca, de 31, mantinha dois relacionamentos desde 2015. De acordo com as investigações, o suspeito estava com a jovem há oito anos, mas era casado com outra mulher desde 2010. A existência das duas relações, para a Polícia Civil, foi crucial para que Diogo decidisse assasslnar Letycia.
Diogo e a esposa, com quem é legalmente casado, são do Espírito Santo e foram morar juntos em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Lá, ele conheceu Letycia, com quem passou a se relacionar. Ele morava com as duas mulheres, em dois endereços distintos. Para justificar a ausência enquanto estava com a outra companheira, o professor inventava viagens.
Na representação pela prisão temporária de Diogo, a delegada titular da 134ª DP (Campos dos Goytacazes), Natália Brito Patrão, afirma que com a aproximação do nascimento da filha de Letycia com o suspeito, “chegou um momento crucial” para que o professor decidisse o que fazer. Ela estava grávida de oito meses.
Segundo a delegada, Diogo decidiu matar uma das duas mulher e optou por Letycia, “eliminando o seu grande problema”. Ainda de acordo com Natália, não tendo mais duas mulheres, o relacionamento com a outra estava solucionado.
Em seus depoimentos à polícia, Diogo e sua mulher alegaram que não estavam mais juntos há cerca de três anos, apesar de não terem se separado formalmente. Eles afirmaram que são apenas amigos. No entanto, para a polícia, as trocas de mensagens entre os dois comprovam que havia relacionamento amoroso entre eles. Nas conversas, um se refere ao outro como “amor” e o casal troca declarações. Além disso, em alguns momentos, a mulher questiona se o professor iria para casa, demonstrando que ambos residiam juntos.
Diogo mantinha um relacionamento com Letycia e segundo depoimentos prestados à polícia, convivia com seus familiares. A engenheira, no entanto, não conhecia os parentes do professor. Ela chegou a engravidar de Diogo anteriormente, mas perdeu o bebê. Com a esposa, o professor não tinha filhos.
Relembre o crime
Grávida de oito meses, Letycia Peixoto Fonseca foi morta com cinco tlros, na Rua Simeão Schremeth, no bairro Parque Aurora, em Campos dos Goytacazes, no último dia 2. A vítima dirigia seu carro quando foi baIeada e foi socorrida pela família, mas morreu na chegada ao hospital. Já o bebê que esperava, Hugo, nasceu com vida, mas morreu na manhã seguinte.
Também ocupante do veículo, a tia de Letycia, Simone Peixoto, de 50 anos, viajava no banco do carona. Mesmo sem ser atingida, ficou coberta pelo sangue da sobrinha e agora convive com o trauma. Segundo Célio Peixoto, irmão de Simone, ela tem síndrome de Down.
Companheiro de Letycia, o professor e empresário Diogo Viola de Nadai é considerado por pessoas próximas à vítima como alguém de poucas palavras e que não gosta de aparecer em fotos. Ele dormiu na casa da mãe de Letycia no dia do crime e carregou o caixão do bebê durante o sepultamento.
Gerente de uma distribuidora de Campos, Letycia era formada em Engenharia de Produção. As instituições em que ela estudou emitiram notas de pesar. A Universidade Candido Mendes, onde fez a graduação, definiu Letycia como uma “excelente aluna”. Já a direção-geral do campus Guarus (Campos dos Goytacazes) do Instituto Federal Fluminense, local em que fez curso técnico em Eletrônica, manifestou sua solidariedade aos familiares e amigos da ex-aluna. Além de Diogo, outras quatro pessoas estão presas pelo crime.