Em pronunciamento no Grande Expediente realizado pela Assembleia Legislativa de Sergipe, a deputada estadual Dra. Lidiane Lucena (Republicanos) discutiu sobre o atual cenário da saúde no Estado, principalmente, com relação ao aumento dos casos de síndromes gripais.
“Hoje eu gostaria de abordar, mais uma vez, uma questão extremamente relevante que é a respeito da saúde de nossas crianças. Estamos atravessando um momento muito crítico, no qual, as unidades de atendimento pediátrico, sejam públicas ou privadas, estão sobrecarregadas”, alertou.
Na ocasião, a deputada fez uma avaliação das competências dos municípios e do estado. “É importante que a população compreenda que o atendimento pediátrico e os demais atendimentos ocorrem em diferentes níveis de complexidade. Em termos gerais, a baixa complexidade, está sob a responsabilidade do município. A média e a alta complexidade sob responsabilidade do estado. Essa divisão de responsabilidades, entre municípios e estados, são estabelecidas por protocolos e diretrizes nacionais visando a organização e eficiência do sistema de saúde pública. O objetivo é garantir que cada nível de atendimento esteja adequado à complexidade dos problemas de saúde, possibilitando um acesso mais ágil e efetivo aos cuidados necessários”, relata a parlamentar, informando ainda que dessa forma o município ofereça atendimento para os casos mais simples, possibilitando a resolução rápida e próxima do domicílio das população. Enquanto o Estado, assume pelos casos mais complexos, garantindo a disponibilidade de recursos e serviços especializados.
Seguindo ainda o pensamento das responsabilidades dos entes federativos ela explicou que nos municípios, os Postos de Saúde são portas de entrada para o atendimento pediátrico e demais atendimentos. Lidiane salienta ainda que as unidades hospitalares de média e alta complexidade estão lotadas e os pacientes que não precisariam, necessariamente, de estar ali, acabam gerando uma sobrecarga aos profissionais que deveriam ser direcionados para casos mais graves.
“Inclusive, a presidente da sociedade sergipana de pediatria falava sobre a demanda que vem se encontrando dentro dos hospitais e que, 90% das vezes deveriam ser resolvidas nas unidades básicas de saúde, ou seja, a conta não fecha e reconhecemos que a crescente demanda por atendimento pediátrico tem colocado uma pressão significativa sobre os serviços oferecidos pelo município. Todavia, é importante enfatizar que essa sobrecarga e a necessidade de ações adicionais não devem ser usadas como justificativas para a transferência de responsabilidades entre os entes governamentais. Afinal, nesse jogo de transferências quem sofre é o povo”, acrescentou a parlamentar.
Falecimento
A deputada Dra. Lidiane Lucena citou ainda o falecimento da criança de quatro meses ocorrido nesta semana. “O caso, extremamente triste, por conta da morte da bebê de quatro meses é um exemplo. O município buscou responsabilizar o estado por um morte que infelizmente aconteceu no Hospital Fernando Franco, da rede municipal de Aracaju, mas é preciso que possamos compreender que é imprescindível uma análise criteriosa da situação. Especialmente, uma análise do prontuário e da evolução do caso. É hora de somar esforços, dos entes se solidarizarem, e enxergar o contexto crítico que estamos atravessando. A saúde pública sempre será um desafio coletivo e sempre será feita com interseções entre os entes”, frisou.
Leitos
Baseando-se na oferta de leitos nas unidades de saúde, a parlamentar esclareceu que o secretário de Estado de Saúde irá comparecer a Alese para falar sobre ações de governo. “Também gostaria de informar que a partir da identificação dessa sazonalidade atípica, não pela natureza dos casos, mas pelo agravamento de doenças, o Governo do Estado abriu nos últimos meses 47 novos leitos pediátricos. No que se refere à pediatria, atualmente, o estado conta com 229 leitos e 77 são leitos qualificados como de alta complexidade, destes 20 são de UTI, 32 estão na categoria vermelha e 25 na categoria amarela”, declarou. A deputada revelou ainda que, além disso, mesmo com o atendimento do Hospital e Maternidade Santa Isabel sendo contratualizado pela Prefeitura de Aracaju, o Governo de Sergipe, recentemente, a partir de uma intervenção do Ministério Público Estadual (MPE) contratou mais 10 leitos críticos que valem a um Semi Intesivo. “Infelizmente, por falta de profissionais especializados não foi possível essa implantação. Há uma carência não só em Sergipe e Brasil de profissionais intensivistas pediátricos”, afirmou.
Cobertura vacinal
Antes de encerrar, Lidiane Lucena destacou a importância da vacinação. “Temos uma baixíssima cobertura vacinal nos municípios sergipanos. Para ter uma ideia, a vacina da Influenza só foi aplicada até agora em 23% das crianças de 6 meses a 2 anos de idade residentes em Aracaju. Vacinem-se e vacinem suas crianças. A vacina pode não impedir que ela fique doente, contudo reduz drasticamente o risco de agravamento”, finalizou.