O ex-vereador de Aracaju, Danilo Segundo (PT) tem sido assunto recorrente na mídia sergipana devido ao seu relacionamento com a filha do presidente da república, Lurian Lula (PT), e pelas movimentações que tem feito no intuito de se viabilizar como candidato à prefeito de Barra dos Coqueiros.
Durante a visita do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), apenas a filha do presidente ocupou cadeira no palco. Já na visita do ministro do Desenvolvimento Social, tanto Lurian quanto Danilo ocuparam assento no proscênio, uma deferência dada às autoridades presentes. O casal ficou na primeira fila, ladeado de secretários do governo de Sergipe, do prefeito de Aracaju, do governador de Sergipe, de senadores e do ministro, ficando à frente da secretária Nacional de Renda e de Cidadania, Eliane Aquino (PT).
O casal já havia recebido tratamento de autoridade durante a visita do presidente Lula (PT) a Sergipe. Naquele momento, o tratamento não soou fora do esperado no republicanismo pelo fato de que os familiares estavam acompanhando o presidente, entretanto, essa justificativa não se estende aos demais eventos.
A relação familiar com Lula não deve ser considerada como um mero detalhe nos planos e no tratamento recebido por Danilo em Sergipe e em Brasília. Filiado ao PT há apenas 6 meses, o político tem dado declarações dignas de uma liderança de grande porte – o que ele não é.
Durante uma entrevista de rádio, questionado sobre o apoio do senador Rogério Carvalho (PT) à reeleição do atual prefeito da Barra dos Coqueiros, como se fosse um fundador do partido e o sinônimo de PT em Sergipe, Danilo disparou que está dando oportunidade ao senador de se explicar sobre o assunto.
Em um dado momento da entrevista, o genro do presidente falou que votou em Rogério por ter compromisso com o PT, entretanto, ele sequer era filiado naquela época e acrescentou que quem quiser votar em outro partido que saia do PT. Ou seja, o recém filiado está ignorando os compromissos que lideranças que fazem o PT há décadas assumiram e espera que todos se curvem aos seus projetos pessoais.
O que coloca um recém filiado ao PT a cobrar um senador do PT numa rádio no tom que o fez senão pelo laço familiar? E aqui, para que não confundam, não questiono o fato dele estar fazendo parte dessa família, isso não diz respeito a ninguém senão aos envolvidos, entretanto, quando isso é usado como mecanismo desigual de disputa política, deve ser questionado.
Não rechaçar esse tipo de comportamento é corroborar com a putrefação dos ideais que devem guiar o republicanismo e, também, constranger o PT. O fato de haver uma filha de Lula em Sergipe é motivo de orgulho, inclusive, Lurian afirmou que tem respeito institucional, logo, o que aqui falo não deve soar inédito para ela.
O Partido dos Trabalhadores em Sergipe possui algumas lideranças como Ana Lúcia, Rogério Carvalho, João Daniel e Márcio Macêdo que ajudaram a construir o partido. Ninguém que entre agora possui autoridade para apontar para nenhum deles e emparedar com um “ou apoia meu projeto, ou sai do partido”.
As investidas de Danilo colocam qualquer liderança do PT em uma saia justa. Ou cedem ao genro de Lula, que fala grosso com todos, ou se impõem e podem assumir um eventual desgaste com a maior figura política do Partido dos Trabalhadores. Isso serve para lideranças e para militantes.
O site Metrópoles, na coluna de Rodrigo Rangel, informou que Danilo mantém um escritório de advocacia em Brasília, aberto dois meses após a posse do sogro de Danilo como presidente da república. O colunista ainda aponta que o prestígio das relações familiares têm aberto portas importantes em Brasília.
O escritório atua nas áreas de contratos e direito do consumidor, à coluna de Rangel, Danilo esclareceu que os clientes que ele possui são de Sergipe. O colunista aproveitou para apontar que Danilo foi recebido pelos ministros Renan Filho, Márcio Macêdo e André de Paula, além do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, da vice-presidente de habitação da Caixa, Inês Magalhães, do presidente nacional do SEBRAE, Décio Lima, e de André Fidelis, diretor do INSS.
Ainda à coluna de Rangel, Danilo e Lurian negam que houve privilégio pelo laço familiar com Lula. “De jeito nenhum. Eu faço política desde os meus 20 anos, dentro de universidade. Todos os políticos recebem qualquer pessoa que seja da política, ex-vereador, ex-prefeito, associações”, disse Danilo.
A seriedade do assunto pode ser visto no parágrafo 7 do artigo 14 da Constituição Federal, que torna inelegíveis “no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandatos”.
Os encontros protagonizados por Danilo em Brasília são de causar inveja a qualquer prefeito de Sergipe. Diferentemente do que afirmou Danilo, é difícil para um prefeito do interior conseguir uma audiência com um ministro, com o presidente de uma estatal como a Petrobras e com demais autoridades com as quais Danilo recorrentemente se encontra.
Danilo se elegeu vereador de Aracaju pelo PSB em 2008, tentando a reeleição em 2012, mas acabou saindo derrotado, só voltando a se candidatar em 2018, quando foi candidato a deputado federal pelo PROS. Obtendo 3.002 votos, o ex-vereador passou longe de ser eleito.
Cabe a Danilo seguir as palavras de Lurian e lembrar do espaço institucional devido aos familiares de um presidente da república. Aconselho a Danilo gastar suas energias se apresentando ao povo da Barra dos Coqueiros e vendo se, assim, o povo o convida a se candidatar. Hoje, Danilo é quem se auto proclama necessário sem que o povo por ele chame.
Fonte: sergipense.com.br