Após o início do ano letivo da rede particular de ensino em Sergipe, os mais de 111 mil alunos de 464 escolas do estado iniciaram a adaptação a uma lei que não permite o uso do celular no ambiente escolar.
Em uma escola particular localizada em Aracaju foi disponibilizado um espaço para que os aparelhos sejam guardados.
“A gente tem dois blocos de regras. Um conjunto de regras que vale da educação infantil aos anos iniciais, que é a proibição total do uso. Então os alunos não podem nem mesmo trazer o celular para escola, é a proibição do porte do celular”, explicou o diretor pedagógico, Leonardo Matos.
Ainda de acordo com ele, do 6º ano do ensino fundamental até o ensino médio, é permitido o porte com restrições de uso. “Então eles até podem trazer o equipamento, mas o celular tem que ficar guardado em um recipiente que fica dentro das salas de aula”.
Para o professor Marcos Paulo, o início tem sido um pouco desafiador, não só para os alunos, mas para os professores. “Acredito que, com o tempo, isso melhore bastante, até nas relações interpessoais”.
Segundo o presidente da Federação dos Estabelecimentos Particulares do Ensino de Sergipe (Fenen), José Sebastião dos Santos Filho, os resultados são notórios. “Apesar de pouco mais de uma semana, a gente já percebe uma interação maior do jovem, principalmente nos momentos de intervalo”, disse.
O ano letivo da rede estadual de Sergipe e municipal de Aracaju ainda não foi iniciado.
Qual é a justificativa para a lei?
Sancionada pelo presidente Lula em 13 de janeiro, a lei que estabelece essa proibição abarca todas as turmas de educação básica (ou seja, educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
O relator do projeto no Senado, Alessandro Vieira (MDB-SE), destacou estudos do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), que indicam os impactos negativos do uso excessivo de smartphones. Segundo o relatório de 2022, alunos que passaram mais de cinco horas diárias conectados obtiveram, em média, 49 pontos a menos em matemática do que aqueles que utilizam os dispositivos por até uma hora.
“A escola deve ser um ambiente de desenvolvimento intelectual e social, e não um espaço dominado pela tela do celular que prejudica a interação entre os estudantes. É inegável que os celulares, quando usados de forma inadequada nas escolas, contribuem para a queda na concentração e no desempenho acadêmico dos alunos. A nossa prioridade é garantir que o ambiente escolar seja um espaço de aprendizagem genuína, onde a troca de ideias e a socialização sejam as protagonistas”, evidenciou senador Alessandro Vieira.