A morte precoce da jovem Ângela Maria Alves de Luz, de 35 anos, pegou os amigos e familiares de surpresa na madrugada do último domingo, 12.
Segundo relato de familiares, a mulher, que reside no município de Nossa Senhora Aparecida, foi levada ao Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) na última quinta-feira, 9, e chegando lá foi tratada como suspeita para o Covid-19, popularizado como coronavírus.
“Ela foi tratada no Huse como se fosse Covid-19. Eles ficaram dando medicação para ela como se fosse essa doença, mas não era. Na sexta-feira foi feito o exame e no sábado pela tarde saiu o resultado negativo. Eles foram negligentes, pois quando entraram com a medicação para a meningite viral já era tarde”, explica Itatiane de Almeida.
Ela diz ainda que um dos médicos suspeitou da meningite assim que Ângela chegou ao Huse, mas que só solicitou o exame mais de 24 horas depois. Vale ressaltar que o resultado só saiu junto com o atestado de óbito.
“Deixo claro também que apenas na sexta à noite foi colhido o líquido para fazer exame de meningite. Um dos médicos que atendeu ela suspeitou que ela não estivesse com o Covid-19 e sim com a meningite, foi ele quem colheu o líquido. O resultado só saiu após a morte dela, que aconteceu na madrugada do domingo. Queremos denunciar a negligência que aconteceu com a vida dela dentro Huse”, lamenta.
Atualmente, familiares e pessoas próximas à Ângela, um grupo de cerca de 20, lutam para que o município de Aparecida vacine-os contra a meningite. “A gente não tem como trazer a vida dela de volta, mas a gente precisa que as pessoas que tiveram contato com ela, sejam cuidados. Queremos uma simples vacina. São vidas de pessoas que estão em jogo. Não é vida de bicho não. Ainda assim, a gente não trata bicho dessa forma”, disse Itatiane.
Apesar do desejo, o Portal Fan F1 entrou em contato com a secretária de Saúde do município de Nossa Senhora Aparecida, que informou que a coordenadora do Estado disse que não existia a necessidade de fazer bloqueio, nem isolamento e nem profilaxia.
Em conversa com a coordenadora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Mércia Feitosa, a informação é de que não existe vacinação para quimioprofilaxia, que é quando se utiliza algo para proteger. Mas, a SES está avaliando o procedimento mais adequado para o caso.
“Quando a gente tem algum caso, a depender do tipo de meningite, existe a quimioprofilaxia com medicamento. Estamos buscando saber o tipo de meningite, pois existem muitas. Está tendo uma investigação para descobrir o tipo da dela. Existe vacina para a meningite, mas o que eles estão pedindo é para que as pessoas que tiveram contato com ela sejam vacinadas. Mas, agora não é o momento de vacina. Temos que fazer o que é realmente técnico e a Secretaria está avaliando o procedimento mais adequado”, explica a coordenadora.
Com relação à acusação de negligência por parte do Huse, a Superintendência do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), lamenta e se solidariza com a família da paciente, ao mesmo tempo, explica que a paciente chegou ao Huse na última quinta-feira, 9, regulada do Hospital de Nossa Senhora Aparecida para o Hospital de Nossa Senhora da Glória e de lá para o Huse.
Ao chegar, a paciente passou por tomografia e avaliação do neurologista, foi realizada uma punção lombar para constatar a meningite e o resultado saiu no mesmo dia atestando meningoencefalite viral. No dia seguinte, na sexta-feira, 10, foi realizado teste para Covid-19 e o resultado saiu no dia seguinte, sábado, 11, como negativo.
O Huse afirma ainda que toda assistência à paciente foi prestada, mas, diante da gravidade da mesma, não resistiu e foi a óbito. A superintendência, desde já, lamenta o ocorrido e se coloca à disposição dos familiares para mais esclarecimentos.