Nesta semana, o deputado federal Bosco Costa, do PL de Sergipe, enviou um áudio para um assessor de Flávia Arruda, ministra-chefe da Secretaria de Governo e sua colega de partido.
Na mensagem gravada, à qual O Antagonista teve acesso, o parlamentar, com a fala mansa, cobra a concretização de uma indicação dele para a superintendência da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) em seu estado e ameaça abandonar a base do governo Bolsonaro caso não tenha uma posição do Palácio do Planalto.
Ele diz que as indicações feitas por “todos os deputados” de Sergipe “estão saindo”, menos a dele.
“Procure saber com a ministra a quem eu devo recorrer: se ao presidente do meu partido [Valdemar Costa Neto], se ao Bolsonaro, se a algum outro ministro ou… eu me posicionar contra o governo, já que sou o parlamentar [de Sergipe] que mais tenho votado com o governo [federal]”, afirma Costa no áudio.
“Eu quero uma posição de ‘sim’ ou ‘não’. Eu não vou esperar muito tempo por essa situação, que está me constrangendo lá no estado. E eu preciso resolver de uma forma ou de outra: ou sou governo ou não sou governo”, acrescenta, em evidente tom de chantagem.
Por telefone, o deputado confirmou a veracidade do áudio, a cobrança feita ao assessor da ministra (que se chama Flávio) e disse que “o problema não está resolvido ainda”.
Segundo Bosco Costa, tal indicação foi “um entendimento” feito entre ele, o líder do PL na Câmara, deputado Wellington Roberto, e o então ministro da Secretaria de Governo Luiz Eduardo Ramos, hoje na Casa Civil.
“Não me lembro a data, mas foi no fim da gestão do Ramos. A ministra Flávia assumiu sabendo e ciente dessa situação”, afirmou o parlamentar, defendendo que a indicação que tem a fazer é de uma pessoa “técnica”.
Perguntado ao deputado se ele não entende que essa postura é o “toma lá, dá cá” escancarado. Com a mesma tranquilidade com que gravou o áudio para o assessor do Planalto, ele respondeu:
“Não, não é bem isso. É uma questão de entendimento. Eu sempre fui político, sou político, me orgulho muito de ser político, mas eu nunca ‘fui governo’ pelo toma lá, dá cá. É pela questão do acerto. Eu defendo a tese de que ‘se eu não acertei, eu não tenho nenhum compromisso’.”
O deputado acrescentou que, se for realmente confirmada, a indicação ao órgão federal será a sua primeira no estado. Além do que ele chama de “entendimento” para o loteamento desse cargo.
Em 2019, Bosco Costa teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Sergipe por uma série de irregularidades na prestação de contas da campanha. Ele recorreu e conseguiu se segurar no cargo.