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Vídeo: Denúncia de assédio revela situação análoga à escravidão em clube de futebol sergipano

Via: FanF1 

 

Na manhã desta segunda-feira, 8, o Jornal da Fan, noticiário matinal da Rádio Fan FM, entrevistou o advogado Gaspar da Silveira Neto, que denunciou Ednailton Lopes, coordenador das categorias de base do Botafogo Associação Sergipana de Futebol, com sede no município de Cristinápolis, pelos crimes de assédio sexual e estupro contra vários jovens atletas do clube. Os crimes teriam sido cometidos no alojamento dos jovens, que fica localizado no município de Umbaúba.

O advogado também revelou que os atletas viviam em situação análoga à escravidão e eram submetidos a condições precárias de infraestrutura, logística, estadia e alimentação.

“Meu cliente é um dos atletas do clube e eu já era advogado da família dele. O rapaz veio falar comigo, perguntando se eu poderia ajudá-lo. Ele estava muito aflito por conta das situações às quais ele e os demais colegas estavam sendo submetidos. Meu cliente não sofreu abuso, mas presenciou e soube de casos envolvendo alguns de seus colegas e me enviou diversas provas, como prints de conversas muito comprometedoras do abusador com outros meninos pelo Whatsapp, além de fotos e vídeos que evidenciam as condições precárias às quais todos os atletas ali eram submetidos. Em posse de todo esse material, conseguimos tirar meu cliente do clube e o colocamos na casa de parentes, em Pernambuco. Assim que o deixamos em segurança, eu protocolei uma notícia-crime junto ao Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco), do Ministério Público, para que fosse instaurado o inquérito policial e os decorrentes processos criminais”, explica o advogado.

Após a veiculação da matéria, o presidente do clube, Osivânio Gonzaga Jesus de Oliveira comunicou que o suspeito foi demitido. A Polícia Civil de Sergipe está investigando a denúncia de abuso sexual contra os atletas do Botafogo, que têm entre 15 e 23 anos. Entretanto, o advogado ressalta que esse não é o único problema envolvendo o clube de Cristinápolis.

“Acho muito nobre da parte do presidente do clube querer tomar as rédeas das categorias de base do clube e dizer que vai cuidar disso pessoalmente a partir de agora, mas eu não denunciei somente a questão do assédio sexual, que é a situação mais impactante. Também noiticiei as condições precárias de trabalho às quais esses jovens eram submetidos, uma situação análoga à escravidão, ferindo princípios básicos das leis trabalhistas e da Constituição Federal, como a dignidade da pessoa humana. E ele está diretamente atrelado a essas outras questões, também. As condições precárias às quais os garotos são diariamente submetidos. Estou montando uma denúncia junto ao Ministério do Trabalho e Emprego do Estado de Sergipe, pois esses jovens tiveram seus documentos retidos pelo clube. Esses garotos são explorados. Dormem em um alojamento que apresenta condições inaceitáveis, sem colchões e a alimentação é precária e não condizente às necessidades nutricionais de um atleta. Os banheiros são imundos e eles caminham cerca de oito quilômetros da sede do clube até o campo de treino, pela beira da estrada, expostos às adversidades climáticas e ao risco de sofrerem algum tipo de acidente. Nem um protetor solar esses meninos ganham para treinar debaixo do sol quente”, ressalta Gaspar da Silveira Neto.

O advogado Gaspar Osvaldo da Silveira Neto foi quem denunciou o caso às autoridades

 

O assessor de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública, Lucas Rosário, também participou do programa, contando detalhes do caso e falando sobre a investigação de estupro e abuso sexual que está sendo realizada pela Polícia Civil.

“Através da denúncia feita pelo advogado, já foi constatado que realmente se trata de crimes de abuso sexual contra jovens de 15 a 23 anos. Algumas vítimas já foram ouvidas e o responsável pelos crimes também. O volume de provas é bem robusto e já fizemos o pedido de busca do celular do autor. Também já foi solicitada a permissão para realizar buscas na pousada onde era feita a concentração dos atletas antes dos jogos, visto que local onde os crimes foram praticados”, revela o assessor.

Gaspar da Silveira Neto aproveitou para pontuar que muitos desses jovens são de famílias humildes que estão em busca de seus sonhos, sonhos que muitas vezes também são compartilhados pelas famílias deles.

“Esses meninos têm um sonho e o que podemos observar é que, nesse tipo de situação, os criminosos se apoiam nos sonhos desses jovens, levando esses garotos a se sujeitar a essas situações por um misto de fatores. Além de ser a busca por um sonho, representa também o sonho dos familiares, que muitas vezes se sacrificam para investir nos sonhos dos filhos. Além disso, tem outros fatores que contribuem para que as vítimas não denunciem, porque além deles não quererem desistir de seus sonhos e retornar para suas casas como derrotados, tem toda a questão da sexualidade e da masculinidade desses jovens que foi maculada por esse abusador. Não é fácil para um jovem ter que lidar com isso, Esses adolescentes certamente vão precisar de apoio psicológico”, observa o advogado.

 

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