A Igreja Católica abriu o período da Quaresma com o lançamento da CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2023, com lema: “Fraternidade e Fome”. Já é a terceira vez que a Igreja trata da questão da fome em suas campanhas. Em 1975, o tema “Repartir o Pão” chamava a atenção para atitudes concretas, dizendo que fraternidade é repartir.
Havia uma relação com estudo efetuado pelo IBGE em 1974/1975 que concluiu pelo estado crítico da alimentação no Brasil, em que dois terços da população (à época 72 milhões de pessoas) não alcançava o patamar de 2.240 calorias por dia, recomendados pela FAO e pela OMS).
O tema da fome foi abordado também na Campanha de 1985, quando a maior seca do século 20 ocorreu no Nordeste, a qual se arrastava desde 1979, quando o povo com fome ocupou a sede do governo do estado do Ceará e saquearam a Companhia Brasileira de Alimentos (Cobal) de Canindé.
A seca e a fome ganharam as manchetes dos jornais. Em 1985, 155 cantores e compositores uniram-se contra a pobreza no Nordeste e gravaram um disco, com as vendas revertidas para a causa.
Naquele ano “Pão para quem tem fome” virou o grande tema da Campanha da Fraternidade. Em 1993, Betinho mobilizou a sociedade para a missão de tirar 32 milhões de pessoas da fome.
Entre 2003 e 2011 Lula governou o Brasil quando colocou em prática sua proposta de levar ao povo brasileiro três refeições diárias, e com essas ações, continuadas pela Presidenta Dilma, permitiu que o Brasil saísse oficialmente do Mapa da Fome em 2014, conforme o relatório global da FAO divulgado naquele ano.
Em 2016 o Brasil sofreu um golpe parlamentar e depois passou por uma eleição, na qual Lula, o principal candidato de oposição foi preso em meio a um processo judicial viciado, afastando-o da disputa, o que resultou na eleição de um candidato fascista e mentiroso que governou o país por quatro anos, a partir de 2019 até 2022.
Nesse período, com o Brasil dirigido de forma neoliberal e fascista, os investimentos sociais deixaram de existir e o programas sociais passaram a ser norteados pelos interesses meramente eleitoreiros. Não foi a toa que pesquisa do IBGE revelou o aumento da fome de novembro de 2021 a abril de 2022, aumentando 73,2% em relação à pesquisa feita em 2020, quando eram 9%, ou 19,1 milhões de pessoas.
De acordo com o levantamento, o número de pessoas passando fome chegou a 33,1 milhões. Mesmo quem plantava não tinha o que comer. Lares com crianças menores de 10 anos também eram os mais vulneráveis. Mais uma vez a Campanha da Fraternidade retoma o assunto, com o tema “Fraternidade e Fome”, e assim, pela terceira vez, a Igreja traz a temática da fome e se coloca como porta-voz para encontrar soluções efetivas no combate à insegurança alimentar.
Conforme a CNBB, o agravamento da segurança alimentar e nutricional em todo o país motivou a escolha do tema. Como disse Josué de Castro “nenhuma calamidade é capaz de desagregar tão profundamente, e num sentido tão amplo a personalidade humana, como a fome”.
Ao tomar posse em 2023 o Presidente Lula, mais uma vez, o traz a fome para o foco das preocupações do governo brasileiro e estabelece que todo o seu ministério trabalhe no sentido de que novamente o povo brasileiro possa fazer três refeições por dia, tenha emprego e salário mais justo e que possa ter sua casa e viver com dignidade.
Parabéns a Igreja pelo tema escolhido.
Como diz o Papa Francisco “a política mundial não pode deixar de colocar entre seus objetivos principais e irrenunciáveis o eliminar efetivamente a fome”. E esse será o nosso compromisso de atuação nesse novo mandato: lutar por uns pais mais justo e solidário e para que o nosso povo viva com dignidade.
*João Daniel / Deputado federal por Sergipe